Profilaxia Odontológica: o que é, como é feita e por que é tão importante
O que é a profilaxia odontológica?

A profilaxia é um procedimento preventivo que visa remover a placa bacteriana, os biofilmes organizados e o cálculo dental (tártaro), que se acumulam nos dentes e gengivas ao longo do tempo. Diferente da escovação realizada em casa, a profilaxia profissional é capaz de alcançar áreas que o paciente, por melhor que seja sua técnica de higiene, não consegue higienizar de forma completa [PINELLI, 2014].
Além de contribuir para a saúde dos tecidos bucais, a profilaxia possibilita que o dentista visualize corretamente as estruturas dentárias, facilitando o diagnóstico de cáries, lesões iniciais de esmalte, alterações gengivais e outros problemas que poderiam passar despercebidos caso a superfície dentária estivesse encoberta por biofilme ou tártaro [HERRERA; CONTRERAS; LEÓN, 2010].

Como a limpeza é feita?

O procedimento pode envolver diferentes recursos, dependendo das necessidades de cada paciente. Os instrumentos mais comumente utilizados são: Ultrassom odontológico, lixas interproximais, jato de pó de bicarbonate, pasta profilática com escovas rotatórias e fio ou fita dental. A combinação desses recursos é individualizada de acordo com as necessidades clínicas de cada paciente, visando alcançar a máxima eficácia da limpeza [WILKINS, 2013].

Limpeza dói?

A profilaxia odontológica nem sempre é totalmente indolor, especialmente quando o paciente apresenta inflamação gengival significativa ou sensibilidade dentária aumentada. Nessas situações, é possível que ocorra certo desconforto durante o procedimento, mas que não deve ser interpretado como dor insuportável ou impeditiva do tratamento. Por se tratar de um procedimento superficial, não é comum o uso de anestesia local na profilaxia, assim como não se costuma fracionar a limpeza por sextante ou por arcada, práticas que são mais características da raspagem subgengival em tratamentos periodontais.
Apesar disso, o profissional deve atuar com delicadeza e atenção ao conforto do paciente. Em casos específicos, áreas mais sensíveis podem ser higienizadas com instrumentos manuais, como curetas, para reduzir o desconforto sem comprometer a qualidade da limpeza.

Por que a profilaxia é o primeiro passo no consultório?

Iniciar o atendimento odontológico com a profilaxia é uma conduta recomendada, pois permite ao dentista examinar a boca de forma mais precisa. Sem biofilme ou tártaro atrapalhando a visualização, é possível identificar precocemente cáries, infiltrações em restaurações, retrações gengivais e até sinais iniciais de doenças periodontais. Dessa forma, o planejamento do tratamento se torna mais assertivo e seguro [CARRANZA; NEWMAN, 2015]. Isso não significa que a limpeza vai ser realizada apenas no início. No caso de pacientes com muitas demandas a adequação oral para possibilitar uma escovação eficiente pode passer por inúmeros procedimentos e um tratamento longo, sendo necessário finalizar o tratamento com uma nova limpeza.

Limpeza supragengival x raspagem subgengival: qual a diferença?

É importante diferenciar a profilaxia supragengival da raspagem subgengival. A profilaxia remove o biofilme e o tártaro aderido à superfície dos dentes na região visível acima da gengiva, enquanto a raspagem subgengival é indicada em casos mais avançados, quando há acúmulo de cálculo abaixo da gengiva, nas chamadas bolsas periodontais [LANG et al., 2009].

Quando há inflamação gengival causada pela presença de tártaro, a gengiva pode ficar aumentada de volume, encobrindo partes dos dentes que estariam normalmente visíveis em uma condição saudável. Por isso, a primeira etapa do tratamento periodontal é a limpeza supragengival, que visa reduzir a inflamação e promover a cicatrização inicial dos tecidos gengivais. Com essa cicatrização, a gengiva se retrai para seu formato anatômico normal, o que permite ao dentista identificar com clareza se existe ou não necessidade de raspagem subgengival.

A importância da orientação de higiene bucal

Na Clínica Busatto, a profilaxia inclui, obrigatoriamente, uma etapa de orientação personalizada de higiene bucal. Esse momento é dedicado a ensinar o paciente a manter seus dentes limpos de forma eficiente no dia a dia, promovendo sua autonomia e participação ativa na manutenção da saúde bucal.

A orientação é adaptada às necessidades individuais e pode incluir a indicação de dispositivos auxiliares, como escovas interdentais, escovas unitufos, fita ou fio dental e colutórios antissépticos. A escolha desses dispositivos depende de fatores como o posicionamento dentário, presença de restaurações ou próteses, uso de aparelhos ortodônticos, retrações gengivais ou perdas ósseas associadas à doença periodontal [WILKINS, 2013].

Com que frequência devo fazer a profilaxia?

A frequência ideal para realizar a profilaxia odontológica varia de paciente para paciente. Embora a recomendação geral seja o retorno a cada seis meses, essa periodicidade deve ser determinada pelo dentista, considerando:
– A eficácia da higiene bucal diária
– A tendência individual à formação de cálculo
– A presença de fatores de risco, como uso de aparelho ortodôntico, alterações salivais ou doenças sistêmicas [LOE; THEILADE; JENSEN, 1965].

Considerações finais

A profilaxia odontológica é mais do que uma simples “limpeza”: é um procedimento essencial para diagnóstico, prevenção e manutenção da saúde bucal. Deve ser realizada com regularidade, de forma individualizada, e sempre com orientação profissional. Na Clínica Busatto, o foco está não só na limpeza eficiente, mas também na educação do paciente, promovendo autonomia para manter sua boca saudável entre as consultas.

Referências (em estilo ABNT)

– CARRANZA, F. A.; NEWMAN, M. G. Clinical Periodontology. 10. ed. Philadelphia: Saunders, 2015.
– HERRERA, D.; CONTRERAS, A.; LEÓN, R. Periodontal diseases associated with bacterial biofilm. Periodontology 2000, v. 53, n. 1, p. 7–17, 2010.
– LANG, N. P. et al. Clinical Periodontology and Implant Dentistry. 5. ed. Oxford: Blackwell Munksgaard, 2009.
– LOE, H.; THEILADE, E.; JENSEN, S. B. Experimental gingivitis in man. Journal of Periodontology, v. 36, p. 177–187, 1965.
– PINELLI, L. A. P. Odontologia preventiva e restauradora: integração clínica. São Paulo: Santos, 2014.
– WILKINS, E. M. Clinical Practice of the Dental Hygienist. 11. ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2013.